sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

FRAGMENTOS


Beijei tua pele tostada
ô maga da noite,
contrito
sufoquei minha alma
com a porção quente
da tua
melanina...


MARCIO MIRANDA

sábado, 25 de outubro de 2008

Estrela cadente em mar aberto



Sereia furtiva
do meu deserto,
vou beber o néctar
dos teus lábios
ao me encontrar com tua beleza...


MARCIO MIRANDA




TELA DO ARTISTA PLÁSTICO -GILBERTO SALVADOR(vitrais 04).

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

AS RUAS ESTREITAS ESCONDEM TUA BELEZA

"Você pediu que eu fizesse um poema por você"

É verdade
Te encontrei chorando
você me olhava
e nada via
entediada pedia que eu rasgasse tua aura
e penetrasse em tua beleza,
eu com medo dessa viagem
amarrei meus punhos em tuas entranhas
contive meus anseios
e
sem querer
derramei teus sonhos,
você sonhava acordada
e sentia dores
nos calcanhares
por pisar em minha alma
que se contorcia e gritava aos anjos,
que
fingindo não ouvir(os anjos)
roubavam tua beleza
doavam às flores
que habitavam as ruas estreitas...




MARCIO MIRANDA





terça-feira, 16 de setembro de 2008

TEMPOS INSANOS


A cova está aberta
mas os mortos
rejeitam seus sepulcros
preferindo a solidão das noites quentes
perambular pelas ruas
à procura de prazeres e deleites
saciando seus desejos mórbidos.
Em suas vestes de cristais entram e saem das casas
acompanhados de sacerdotes
fazendo suas rezas prescritas
tentando espantar demônios
falidos
cremados por sua febre irracional.
Temendo a brisa
se refugiam em garagens poluídas
e nada vêem
que os levem
ao encontro dos seus corvos...



MARCIO MIRANDA



TELA DO ARTISTA PLÁSTICO GILBERTO BAHIA

TEIXEIRA DE FREITAS- BA

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ela
Tela-Gilberto Bahia


PERFIL


De olhos vendados
atirei-me em seu alento
ô profundezas da terra,
em minha frente as imagens e os conflitos
dominavam meus punhos
que afiados
insistiam incomodar
teus olhos aflitos
ejaculando palavras
destemidas e estranhas.
Enquanto expunha minha medula
ao veneno alheio,
e minhas costas à rapina de plantão
o meu âmago ardia
pelos ferimentos
grosseiros
da insolente pua
que
triturava meu intimo
mostrando minha alma obscura....



MARCIO MIRANDA CARNEIRO


terça-feira, 2 de setembro de 2008

BRAZIL COM Z (CRÔNICAS) CANTANDO NA AVENIDA DA MORTE




Ao som do motor dos carros na conhecida Avenida da Morte, andávamos alheios aos perigos. Dizem que Deus protege os bêbados, os loucos e as crianças, esqueceram de mencionar, sobretudo a nós, adolescentes. E seguimos cantando: Nós somos jovens / Jovens, jovens / Somos o exército do surf / Sempre a cantar / (sempre a cantar) / Vamos deslizar / (vamos deslizar) / E quem não souber / (e quem não souber) / Eu vou ensinar / Vou dizer porque / (vou dizer porque) / Amo tanto o mar / (amo tanto o mar) / Balançando assim / Você junto a mim / Vivo a cantar. Essa não é uma música de nossa geração. No animado grupo de três pessoas constam: Bia, filha de uma headbanger, Julinho, filho de um surfista aposentado, e que hoje comercializa pranchas no fundo do quintal de sua casa, e Sidarta, fruto da legítima Rainha da Casa de Sol de Arembebe, na Bahia em meados dos anos 70. Herdamos esta canção das lembranças e vivências de nossos pais.
Um dia enquanto brincávamos de verdade ou conseqüência, paramos o jogo e questionamos a nossa geração: se não há a famigerada ditadura militar aterrorizando nossos destinos e se não há restrição à leitura, música, programas de TV e à cultura, então porque parte nossa geração é tão violenta e alienada? Especulamos sobre toda a teoria de psicólogos de areia de praia que nos ocorreu. A nenhuma conclusão chegamos. Só sabíamos que éramos três com ilusões, cismas e procurávamos confusos a chave desse imenso enigma que se chama vida. A vida, esse mistério terrível, nada mais é que um terrível vício.



Byazinha Frusca

quarta-feira, 27 de agosto de 2008


Paris-de esquina com o imaginário(artista plástico Gilberto Bahia)
Solidão e saudade

é um misto que nos invade
é um medo que nos aprisiona
é um amargo que nossa lingua prova
solidão e saudade
em fusão nos levam aos poucos para a terra
da depressão e da superficialidade

Uma nos nega a presa, mesmo que finita daquela que amamos
a outra nos impossibilita de viver outra vez o que foi bom
apenas recordar e recordar e recordar
assim a solidão e a saudade vão nos abraçando
até que se tornam nossas roupas sentimentais
e não desenrolam por nosso querer
pois acabamos temendo a vida livre
com novas pessoas e possibilidades
temendo que surja novas dores e novas verdades
De sorte que temos o instinto de sentir a companhia
de uma árvore que faz sombra de tarde
ou de uma música que faz um eco enorme
dentro de nós - e nos baila em doces lembranças
Na solidão ou na saudade
singular e plural entre si
o amor é pretérito imperfeito
a nostalgia é droga que dá defeito
e o silêncio desloca o grito de volta ao nosso peito.




Éder CCS

www.dusolalua.blogspot.comwww.ederpoesia.blogspot.com

segunda-feira, 18 de agosto de 2008



Tela de Gilberto Salvador


MACULADO



Reprovado por teus seios

áridos,

busco as migalhas

sucumbidas

sobre minha alma

que pena

na escuridão de um barco

naufragado

nas águas tranqüilas do teu mar...

Eu,

inconsciente pairava

guiado pelo vapor

dos teus olhos negros,

enquanto minha sombra

induzia-me a mergulhar

na sentença de réu

pela transgressão das tuas pupilas

que aqueciam minha pele

levando-me ao orgasmo poluído

em tua imutável beleza...

Márcio Miranda Carneiro

IMAGENS E CONFLITOS


Na primeira vez

que encontrei com Brando

na tela do Cine Ópera,

dom Corleone

exigiu minha pele

de cordeiro

como recompensa,

lembro,

meu personagem recebeu

um beijo na testa

e àquelas alturas

o meu funeral

já estava caminhando.

Deixaram-me tão só,

entregue aos abutres...

Eu não imaginava

que daquela profusão de imagens

nasceria um banquete

de conflitos:

entre a moral e a carne,

entre o crente e o cético,

entre o sério e o político,

sou ético,

“um homem chamado cavalo”.

Quando do lado de fora,

as figurinhas carimbadas

de super- heróis

passavam de mãos em mãos,

trocadas,

o meu final foi

uma natureza morta...

Sempre desobedeci as ordens

do padrinho

mas,

nunca recusei as iguarias

do cardápio mundano...

Dedicado ao poeta Márcio Carneiro que lançou o blog Imagens e Conflitos.

Luciano Fraga

sábado, 16 de agosto de 2008


Maurilio Braz Carneiro

Participante ilustre da pascoelinha

PASCOELINHA


Dias após o sábado de aleluia acontece no distrito de Juazeirinho (Conc do Coité) a Pascoelinha, manifestação cultural que percorre as ruas e praças do distrito com a participação de pessoas que alegram a comunida.

Geralmente a festa começa no meio da tarde com o desfile de caretas, confeccionadas com materiais reciclados, em seguida acontece o desfile de cavalheiros trajados de jaleques e chapéus decorados com flores e penas de diversas cores com seus cavalos enfeitados de papéis de seda coloridos e guizos barulhentos animando as pessoas presentes.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008


Tela do artista plástico-Nelson Magalhães Filho
OS VERSOS

O que são meus versos?
Vocábulos?
vestígios?
Coágulos?
Procuras?
Insensatez de moribundo
Tinos vagabundos
oriundos do desejo de cantar
ondas salientes de papéis
odres velho sob o mar
recortes nos jornais de fogo
palavrões nos becos imundos.

instintos morbidos,
incautos profundos.

O que são os versos?
inversos,perversos?
Taciturno,
calço meu coturno
saio pelo mundo
atirando a ermo
o meu versar...


MARCIO MIRANDA

sábado, 9 de agosto de 2008




O LIVRO E A AMÉRICA


Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro cainda n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.
(...)
Bravo! a quem salva o futuro!
Fecundando a multidão!...
Num poema amortalhada
Nunca morre uma nação.

CASTRO ALVES

sexta-feira, 8 de agosto de 2008


FARPADO


Encerro meus olhos por um instante,
Infame
Vislumbro os caminhos perdidos
Na vida gangorra
A masmorra
O jumento
O carro-de-boi...

Em minhas mãos os arreios
Vestígios
de um
tempo insoluto
que encarcerou meu entendimento.

pelas estradas perniciosas
cego minha alma
com poeiras torpes.

Moribundo
atropelo os desejos
de transpor o ermo
de um turbulento
caminho....

M
ARCIO MIRANDA

sábado, 2 de agosto de 2008

BANDAS DE PÍFANO


É um conjunto instrumental de percussão e sopro, dos mais antigos, característicos e importantes da música folclórica brasileira. Historicamente o pífano remonta à época dos primeiros cristãos, que tinham no pífano, pifes ou pífora, uma maneira de saudar a Virgem Maria nas festas natalinas. Na feição nordestina a banda de pífanos é uma criação do mestiço brasileiro, que com sua criatividade e intuição musical adaptou o instrumental, dando-lhe a forma típica pela qual é conhecida no folclore brasileiro.
DISTANCIA



Distancia longa distancia
de entristecer
asfalto insolente
léguas eloqüentes
trilhas guetos
faixas livres
para enlouquecer
sozinho.
Na mente
as lembranças
da maliciosa viagem
para jamais esquecer....


MARCIO MIRANDA

terça-feira, 29 de julho de 2008


Tela do artista plástico NELSON MAGALHÃES FILHO,série Anjos Baldio 2008

sexta-feira, 25 de julho de 2008

INSONE


Não quero estar só
rogo as aranhas que me visitem
com sua nudez noturna
quando as vespas
afugentam meu odor...
Em minha companhia
o efêmero canto das formigas
raso e soturno
assola meus instigados timpanos.
No velho rádio
Marley já não diz
¨It is love¨
como penetrar neste abismo?
Sentado num vazio
refresco minhas pálpebras
com gotas de vinho,
nem um violão nem Dylan
separam-me
de uma noite vasta....


MARCIO MIRANDA

TELA - ERÓTICA de GILBERTO SALVADOR

segunda-feira, 21 de julho de 2008

SEDENTO


Meus ouvidos surdos
Ouviram teu clamor
baixei o volume absurdo
transfigurei a cor.
Roubei teus sentimentos
guardei no porão do amor
vencido pelo império vertente
torrente andei,
no teu perfume de rosas murchas
afoguei.
O meu êmbolo travou
aterrorizado vaguei
meu mundo desabou...


Marcio Miranda

sábado, 19 de julho de 2008

Corpo Sonoro

Cansado de ouvir coisas fúteis
estacionei no teu corpo agônico.
Amarrei meus desejos perversos
nos seus movimentos atônitos
jurei não está ali.
Perdido na imensidão,
acordei contigo.....



Marcio Miranda