quarta-feira, 27 de agosto de 2008


Paris-de esquina com o imaginário(artista plástico Gilberto Bahia)
Solidão e saudade

é um misto que nos invade
é um medo que nos aprisiona
é um amargo que nossa lingua prova
solidão e saudade
em fusão nos levam aos poucos para a terra
da depressão e da superficialidade

Uma nos nega a presa, mesmo que finita daquela que amamos
a outra nos impossibilita de viver outra vez o que foi bom
apenas recordar e recordar e recordar
assim a solidão e a saudade vão nos abraçando
até que se tornam nossas roupas sentimentais
e não desenrolam por nosso querer
pois acabamos temendo a vida livre
com novas pessoas e possibilidades
temendo que surja novas dores e novas verdades
De sorte que temos o instinto de sentir a companhia
de uma árvore que faz sombra de tarde
ou de uma música que faz um eco enorme
dentro de nós - e nos baila em doces lembranças
Na solidão ou na saudade
singular e plural entre si
o amor é pretérito imperfeito
a nostalgia é droga que dá defeito
e o silêncio desloca o grito de volta ao nosso peito.




Éder CCS

www.dusolalua.blogspot.comwww.ederpoesia.blogspot.com

segunda-feira, 18 de agosto de 2008



Tela de Gilberto Salvador


MACULADO



Reprovado por teus seios

áridos,

busco as migalhas

sucumbidas

sobre minha alma

que pena

na escuridão de um barco

naufragado

nas águas tranqüilas do teu mar...

Eu,

inconsciente pairava

guiado pelo vapor

dos teus olhos negros,

enquanto minha sombra

induzia-me a mergulhar

na sentença de réu

pela transgressão das tuas pupilas

que aqueciam minha pele

levando-me ao orgasmo poluído

em tua imutável beleza...

Márcio Miranda Carneiro

IMAGENS E CONFLITOS


Na primeira vez

que encontrei com Brando

na tela do Cine Ópera,

dom Corleone

exigiu minha pele

de cordeiro

como recompensa,

lembro,

meu personagem recebeu

um beijo na testa

e àquelas alturas

o meu funeral

já estava caminhando.

Deixaram-me tão só,

entregue aos abutres...

Eu não imaginava

que daquela profusão de imagens

nasceria um banquete

de conflitos:

entre a moral e a carne,

entre o crente e o cético,

entre o sério e o político,

sou ético,

“um homem chamado cavalo”.

Quando do lado de fora,

as figurinhas carimbadas

de super- heróis

passavam de mãos em mãos,

trocadas,

o meu final foi

uma natureza morta...

Sempre desobedeci as ordens

do padrinho

mas,

nunca recusei as iguarias

do cardápio mundano...

Dedicado ao poeta Márcio Carneiro que lançou o blog Imagens e Conflitos.

Luciano Fraga

sábado, 16 de agosto de 2008


Maurilio Braz Carneiro

Participante ilustre da pascoelinha

PASCOELINHA


Dias após o sábado de aleluia acontece no distrito de Juazeirinho (Conc do Coité) a Pascoelinha, manifestação cultural que percorre as ruas e praças do distrito com a participação de pessoas que alegram a comunida.

Geralmente a festa começa no meio da tarde com o desfile de caretas, confeccionadas com materiais reciclados, em seguida acontece o desfile de cavalheiros trajados de jaleques e chapéus decorados com flores e penas de diversas cores com seus cavalos enfeitados de papéis de seda coloridos e guizos barulhentos animando as pessoas presentes.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008


Tela do artista plástico-Nelson Magalhães Filho
OS VERSOS

O que são meus versos?
Vocábulos?
vestígios?
Coágulos?
Procuras?
Insensatez de moribundo
Tinos vagabundos
oriundos do desejo de cantar
ondas salientes de papéis
odres velho sob o mar
recortes nos jornais de fogo
palavrões nos becos imundos.

instintos morbidos,
incautos profundos.

O que são os versos?
inversos,perversos?
Taciturno,
calço meu coturno
saio pelo mundo
atirando a ermo
o meu versar...


MARCIO MIRANDA

sábado, 9 de agosto de 2008




O LIVRO E A AMÉRICA


Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro cainda n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.
(...)
Bravo! a quem salva o futuro!
Fecundando a multidão!...
Num poema amortalhada
Nunca morre uma nação.

CASTRO ALVES

sexta-feira, 8 de agosto de 2008


FARPADO


Encerro meus olhos por um instante,
Infame
Vislumbro os caminhos perdidos
Na vida gangorra
A masmorra
O jumento
O carro-de-boi...

Em minhas mãos os arreios
Vestígios
de um
tempo insoluto
que encarcerou meu entendimento.

pelas estradas perniciosas
cego minha alma
com poeiras torpes.

Moribundo
atropelo os desejos
de transpor o ermo
de um turbulento
caminho....

M
ARCIO MIRANDA

sábado, 2 de agosto de 2008

BANDAS DE PÍFANO


É um conjunto instrumental de percussão e sopro, dos mais antigos, característicos e importantes da música folclórica brasileira. Historicamente o pífano remonta à época dos primeiros cristãos, que tinham no pífano, pifes ou pífora, uma maneira de saudar a Virgem Maria nas festas natalinas. Na feição nordestina a banda de pífanos é uma criação do mestiço brasileiro, que com sua criatividade e intuição musical adaptou o instrumental, dando-lhe a forma típica pela qual é conhecida no folclore brasileiro.
DISTANCIA



Distancia longa distancia
de entristecer
asfalto insolente
léguas eloqüentes
trilhas guetos
faixas livres
para enlouquecer
sozinho.
Na mente
as lembranças
da maliciosa viagem
para jamais esquecer....


MARCIO MIRANDA