quarta-feira, 24 de setembro de 2008

AS RUAS ESTREITAS ESCONDEM TUA BELEZA

"Você pediu que eu fizesse um poema por você"

É verdade
Te encontrei chorando
você me olhava
e nada via
entediada pedia que eu rasgasse tua aura
e penetrasse em tua beleza,
eu com medo dessa viagem
amarrei meus punhos em tuas entranhas
contive meus anseios
e
sem querer
derramei teus sonhos,
você sonhava acordada
e sentia dores
nos calcanhares
por pisar em minha alma
que se contorcia e gritava aos anjos,
que
fingindo não ouvir(os anjos)
roubavam tua beleza
doavam às flores
que habitavam as ruas estreitas...




MARCIO MIRANDA





terça-feira, 16 de setembro de 2008

TEMPOS INSANOS


A cova está aberta
mas os mortos
rejeitam seus sepulcros
preferindo a solidão das noites quentes
perambular pelas ruas
à procura de prazeres e deleites
saciando seus desejos mórbidos.
Em suas vestes de cristais entram e saem das casas
acompanhados de sacerdotes
fazendo suas rezas prescritas
tentando espantar demônios
falidos
cremados por sua febre irracional.
Temendo a brisa
se refugiam em garagens poluídas
e nada vêem
que os levem
ao encontro dos seus corvos...



MARCIO MIRANDA



TELA DO ARTISTA PLÁSTICO GILBERTO BAHIA

TEIXEIRA DE FREITAS- BA

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ela
Tela-Gilberto Bahia


PERFIL


De olhos vendados
atirei-me em seu alento
ô profundezas da terra,
em minha frente as imagens e os conflitos
dominavam meus punhos
que afiados
insistiam incomodar
teus olhos aflitos
ejaculando palavras
destemidas e estranhas.
Enquanto expunha minha medula
ao veneno alheio,
e minhas costas à rapina de plantão
o meu âmago ardia
pelos ferimentos
grosseiros
da insolente pua
que
triturava meu intimo
mostrando minha alma obscura....



MARCIO MIRANDA CARNEIRO


terça-feira, 2 de setembro de 2008

BRAZIL COM Z (CRÔNICAS) CANTANDO NA AVENIDA DA MORTE




Ao som do motor dos carros na conhecida Avenida da Morte, andávamos alheios aos perigos. Dizem que Deus protege os bêbados, os loucos e as crianças, esqueceram de mencionar, sobretudo a nós, adolescentes. E seguimos cantando: Nós somos jovens / Jovens, jovens / Somos o exército do surf / Sempre a cantar / (sempre a cantar) / Vamos deslizar / (vamos deslizar) / E quem não souber / (e quem não souber) / Eu vou ensinar / Vou dizer porque / (vou dizer porque) / Amo tanto o mar / (amo tanto o mar) / Balançando assim / Você junto a mim / Vivo a cantar. Essa não é uma música de nossa geração. No animado grupo de três pessoas constam: Bia, filha de uma headbanger, Julinho, filho de um surfista aposentado, e que hoje comercializa pranchas no fundo do quintal de sua casa, e Sidarta, fruto da legítima Rainha da Casa de Sol de Arembebe, na Bahia em meados dos anos 70. Herdamos esta canção das lembranças e vivências de nossos pais.
Um dia enquanto brincávamos de verdade ou conseqüência, paramos o jogo e questionamos a nossa geração: se não há a famigerada ditadura militar aterrorizando nossos destinos e se não há restrição à leitura, música, programas de TV e à cultura, então porque parte nossa geração é tão violenta e alienada? Especulamos sobre toda a teoria de psicólogos de areia de praia que nos ocorreu. A nenhuma conclusão chegamos. Só sabíamos que éramos três com ilusões, cismas e procurávamos confusos a chave desse imenso enigma que se chama vida. A vida, esse mistério terrível, nada mais é que um terrível vício.



Byazinha Frusca